sábado, 29 de março de 2008

Livro


Hoje tenho 3 formaturas para ir. Eu e o xico fomos então comprar presentes na livraria. Engraçado sempre é que não consigo dar presente - livro, sem me presentear com outro também. Como gosto desses, os novos ainda me agradam mais pelo cheiro das páginas que serão lidas. Primeira coisa que faço quando compro-os é cheirá-los.

Um livro que comprei foi "O Cavaleiro inexistente" (1959), de ítalo Calvino. Gosto desse autor desde que li "Seis propostas para o próximo milênio". A maneiro com que ele usa as palavras me encantam. Ele escreve: "A leveza para mim está associada à precisão e à determinação, nunca ao que é vago ou aleatório". Um outro livro muito bom que já li algumas partes foi: As cidades invisíveis.

Ítalo Calvino foi um dos mais importantes escritores do século XX. Neste livro, narra-se a história de uma cavaleiro que não existe, em seu lugar há apenas uma armadura que se diz cavaleiro e uma voz metálica. Suas aventuras são contadas por uma freira, que tem como penitência exatamente narrar esta história.

E o mais legal que eu escolhi esse livro porque na livraria há uma promoção de levar uma bolsa ecológica para ajudar a biblioteca pública comprando um livro de algumas editoras lá. Fiquei feliz em ajudar um patrimônio da cidade que está tão mal cuidado. Afinal já pesquisei muito nessa biblioteca e eu sei o valor que ela tem. Só o acervo de jornais e as histórias guardadas lá valem muito. Chegando em casa ainda vi que a mulher do caixa esqueceu de cobrar o tal livro. Precisamos voltar la para então pagarmos o que faltou. Esse livro tem história já antes de ser lido.

Alguém já leu? Gostou?

quinta-feira, 27 de março de 2008

Como ando na correria, estou postando alguns vídeos. Esse é de poesia concreta. Tenho alguns outros vídeos interessantes que usam a palavra de formas diferentes das que costumamos ver convencionalmente. Vou colocando conforme o andar do tempo... Gosto de publicar aqui quando estou no meu silêncio. Hoje estou aqui no trabalho e está corrido. As pessoas estão falando alto, com isso não consigo me concentrar para escrever tudo que eu pretendia.

Ainda quero publicar aqui algo sobre poesia concreta, pois sei que muitos que lêem aqui não conhecem essa parte. Para quem foi na exposição do pulsares e viu o vídeo do "forma, reforma, desforma, conforma", entenderá que meu trabalho se assemelha um pouco com esse vídeo acima.

terça-feira, 25 de março de 2008

abc livro

Achei interessante este vídeo que o xico me mandou hoje sobre o livro de Marion Battle. Ele é designer gráfico, fotógrafo e tem feito figurinos para o teatro. Tipografia é tudo de bom!

segunda-feira, 24 de março de 2008

Palavras, palavras...armas, armas

"Simples palavras! O que é que pode ser tão real como as palavras? Como são terríveis as palavras! Claras, vívidas, cruéis! Não é possível escapar-se às palavras..."

Achei no meu caderninho, de grandes e especiais citações, essas frases sobre a palavra. Acredito que seja do Jacques Rancière, mas não tenho certeza. Neste tempo em que estou retomando minhas anotações, vejo que tudo que anotei foi sobre palavra. E trazendo para hoje vejo que as palavras muitas vezes nos ferem muito. Elas são como agulhas que cravam na nossa pele e arde. Até mesmo palavras com sentido subjetivo é capaz de estragar amizades, amores, grandes relacionamentos.

E não é por nada que hoje vimos tantas pessoas se machucando com o pensar e com o falar. Na Bíblia já é citado sobre o final dos tempos: " Saiba disto: nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis. Os homens serão:
egoístas,
avarentos,
presunçosos,
arrogantes,
blasfemos,
desobedientes aos pais,
ingratos,
ímpios,
sem amor pela família,
irreconciliáveis,
caluniadores,
sem domínio próprio,
cruéis,
inimigos do bem,
traidores,
precipitados,
soberbos,
mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder..." 2 timóteo 3: 1 a 5.

Que lista! As pessoas não pensam com carinho na outra. Mas o que mais tenho visto entre elas é a inveja. Pode ser pequena, mas como um velho ditado: mata a alma e envenena. E o pior de tudo que tenho comentado com o Xico é que amizade de mulher é algo que existe (olha nem sem se existem tantas assim), mas é muito diferente da dos homens. Os homens são mais retos, sem frescuras. Já nós mulheres parecemos mais víboras do que amigas. Como achamos motivos para nos queimarmos, para entristecer a alma! Como gostamos de rir uma das outras ou olhar dos pés a cabeça para outra mulher que passa na rua ou que convive conosco.

"O ato de expressão... é a tomada de posse das significações por nós". Creio que devemos cuidar mais do que sai da nossa boca, os nossos gestos, cuidar dos nossos olhos e dos nossos ouvidos. Porque filtrando o que muitos falam não criaremos uma nuvem na frente dos nossos olhos, enxergando o outro de forma terrível sem antes conhecê-lo.

Palavras, palavras... Precisam ser cuidadas!

sábado, 22 de março de 2008

Silêncio?

Afinal de contas, o que são as palavras?
As palavras, para quem me conhece sabe, me encantam de forma especial.
Sou artista visual, gravurista, e meu trabalho de conclusão de curso, como citado no cabeçalho, é sobre palavras e roupas. "
A cada nova gravura, um novo mergulho no que está escondido. “Entro lentamente na escrita. É um mundo emaranhado de cipós, sílabas, madressilvas, cores e palavras” (Lispector). Vou descobrindo vagarosamente o poder que cada palavra emana conforme me aproximo delas." .


Atualmente estou um pouco afastada do meu "esconderijo" ou melhor do território onde eu posso expressar meu pequeno monte de segredos. Há 9 meses estou trabalhando como webdesigner. Um lugar de novas experiências um tanto quanto diferentes. Passo o dia num escritório, na frente de um computador.
Falo inglês com alemães, alinho, desenho, construo, crio, repito muitas ações todo o dia. Diferente de antes quando eu tinha que esperar o tempo de um pedra de litografia a qual "precisa de um tempo para descansar e absorver o que foi desenhado nela. Um momento de incubação, pois enquanto a pedra precisa desse período de descanso, nossa mente também tem o tempo para silenciar e continuar criando. ".


Me sinto hoje em dia no falso silêncio que tanto citei na minha obra. Num silêncio falante: "
“Você pode pensar desde o silêncio carregado de significados, em que, numa dada situação, calar faz o mesmo sentido que um discurso” (Antunes). Pode ser o vazio, o nada, uma tela em branco, a ausência. Também pode ser a palavra calada, a incapacidade de dizer o que deseja. ". E por tudo isso, pela falta de tempo que vivo hoje, pela ausência de fazer um trabalho de arte, resolvi usar da arte de escrever. Colocar neste espaço um pouco da palavra que está calada há um bom tempo no meu particular. Quero dividir aqui meu pensamentos, minhas certezas e incertezas, minhas indignações e alegrias. Quero tornar o silêncio, falante. Bem vindos! :)