Um filme de um livro de José Saramago, publicado em 1995, e direção Fernando Meirelles me fez parar nessa tarde fria de sábado. A história é sobre a humanidade em meio à epidemia de uma misteriosa cegueira. Sentimentos humanos como egoísmo, oportunismo e indiferença, mas também a capacidade de nos compadecermos, de amarmos e de perseverarmos aparecem em todo o filme. Abaixo a sinopse: "O filme começa num ritmo acelerado, com um homem que perde a visão de um instante para o outro enquanto dirige de casa para o trabalho e que mergulha em uma espécie de névoa leitosa assustadora. Uma a uma, cada pessoa com quem ele encontra - sua esposa, seu médico, até mesmo o aparentemente bom samaritano que lhe oferece carona para casa terá o mesmo destino. À medida que a doença se espalha, o pânico e a paranóia contagiam a cidade. As novas vítimas da "cegueira branca" são cercadas e colocadas em quarentena num hospício caindo aos pedaços, onde qualquer semelhança com a vida cotidiana começa a desaparecer.
Dentro do hospital isolado, no entanto, há uma testemunha ocular secreta: uma mulher que não foi contagiada, mas finge estar cega para ficar ao lado de seu amado marido. Armada com uma coragem cada vez maior, ela será a líder de uma improvisada família de sete pessoas que sai em uma jornada, atravessando o horror e o amor, a depravação e a incerteza, com o objetivo de fugir do hospital e seguir pela cidade devastada, onde eles buscam uma esperança."
É um filme bem "hard", pesado, difícil de definir. Quando me falaram dele e vendo o início eu achei q não fosse chegar onde chegou. Na verdade não há como se imaginar isso, so mesmo quem conhecia a história do livro de Saramago. Como li numa crítica, é um filme tenso, confuso, misterioso, instigante, cativante, revoltante, enfim um filme que te puxa para dentro da história. As cores do filme também são muito interessantes, frias, melancólicas. Tudo isso nos traz a percepção de como estamos vivendo o hoje, "olhar com os olhos sem ver realmente, a cegueira simbólica que acomete a sociedade de hoje que não enxerga o que não convém". Esse tipo de filme é o que quando acaba precisamos de um tempo para digerirmos. Quem quiser ver mais sobre o filme: http://www.ensaiosobreacegueirafilme.com.br/ Blog de Fernando Meirelles
Achei interessante quando o mesmo autor da postagem anterior menciona que usamos alguma frase sem sentido ou gasta na nossa fala pelo menos uma vez ao dia. Frases que na essência não comunicam. Este mesmo capítulo também é sobre linguagem, palavras. Considero esse o melhor de todo o livro.
Algumas frases de exemplo:
Quem guarda tem Bom demais Para encurtar a história Todo dia é dia Desnecessário dizer Estou numa roda viva Indo direto ao ponto Posso ser franco? Não se incomode comigo Subiu feito um rojão É a vida Tudo o que sobe desce Só tenho duas mãos Na verdade De certa forma Criança tem cada uma Está no papo Falei está falado Morri de medo Está brincando Então, como é que é? Isto deve dar para o gasto Que história é essa? Não quero ouvir um piu Posso dizer uma coisa? O tempo voa Vou ser claro com você Pra dizer a verdade Estou lhe falando como amigo Você tirou as palavras da minha boca Diga o que está pensando Chovendo canivetes Algo me diz que Isola na madeira Conte de novo Vamos levando Posso lhe fazer uma pergunta? Nada como um dia depois do outro Está na ponta da língua As voltas que o mundo dá Você está em casa agora? Evidentemente São coisas da vida Tudo tem um limite Não estou no meu normal Jogar verde De volta para o batente Por outro lado Em cheio no alvo Nunca me aconteceu Onde termina isso? Diga o que tem a dizer Já sei onde você quer chegar Deixa como está para ver como é que fica Ele é boa gente Segure as pontas De qualquer modo Eu ia mesmo te ligat Para ser honesto Nunca vou me conformar
Tem frases muito engraçadas, que realmente usamos sem um motivo específico, mas faz parte do nosso vocabulário. Como diz o autor: "Substitua-as por palavras e frases mais significativas. Uma linguagem muito estática torna-se demasiado insípida."
"A disiciplina de empregar a linguagem para comunicar idéias é uma das atividades básicas mais essenciais de que podemos participar. A maior parte da informação em nossa vida é transmitida pela linguagem."
Estou lendo o livro Ansiedade de Informação - Como transformar informação em compreensão. Importante para muitos que trabalham com organização de informação, de conteúdo. O mais interessante deste livro são os assuntos de cada capítulo. Hoje escrevo aqui algumas citações da primeira parte do livro que menciona a grande quantidade de informação que recebemos todo o tempo.
Somos todos os dias bombardeados com muita notícia, muita gente falando, enfim uma explosão de 'conhecimentos' descartáveis. O autor comenta que a velocidade da produção de informação, hoje, é equivalente a produção de automóveis em massa. Um exemplo disso são os blogs. Todos os dias visitamos diferentes páginas de amigos para passar os olhos nos dados que foram escritos por cada um. As vezes esses dados são insignificantes para o nosso dia a dia, mas lemos mesmo assim para ficarmos "informados". E essa quantidade de dados, como relata Wurman, entre outros autores, nos deixa ansiosos pelo compromisso dessa diária leitura.
Precisamos de mais significados e menos dados isolados e sem contexto. "Possuímos uma capacidade limitada de transmitir e processar imagens, o que siginifica que nossa percepção do mundo é inevitavelmente distorcida por ser seletiva; não podemos notar tudo. E quanto mais imagens tivermos de defrontar, tanto mais distorcida será nossa visão de mundo." Isso me faz lembrar não apenas de noticiários, mas até mesmo quando se vai numa bienal de arte. A nossa mente não consegue mais captar nada no final do dia, chegamos exaustos e com vontade de ficar quietos, chegamos ao nosso limite.
"Informação não é conhecimento. Você pode produzir dados primários em massa e incríveis quatidades de fatos e números. Mas não pode fazer produção em massa de conhecimento, que é criado por mentes individuais, partindo de experiências individuais, separando o significado do irrelevante, realizando julgamentos de valor." A informação passa a ser conhecimento quando atribuímos sentido aos fatos, quando agrupamos e processamos dados.