terça-feira, 15 de abril de 2008

Poesia Concreta

Como prometido, explico hoje um pouco da poesia concreta. Meu entusiasmo sobre esse movimento está abaixo:


A poesia concreta trabalha com o som, a visualidade e o sentido das palavras, propondo novos modos de fazer poesia. Os poetas concretas mais conhecidos, importantes e precursores dessa nova maneira de se fazer poesia foram: Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari. Eles estabeleciam ligação direta entre a música contemporânea, as artes visuais e o design de linhagem construtivista.

Surgiu em 1955. Nasce como denominação e como movimento na República Federal da Alemanha, mais precisamente em Ulm, na Escola Superior de Estética Industrial (a Hochschule für Gestaltung), em novembro, dez anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, em plena fase dita de reconstrução. Nasce do encontro de um poeta suíço-boliviano, Eugen Gomringer, com um membro do grupo "Noigandres", Décio Pignatari, que então viajava pela Europa.

É uma poesia que foi para outros espaços, saindo do modelo tradicional de poesia. Misturou linguagens como a tipografia, o desenho, as artes gráficas, a fotografia etc. Poesia concreta é o movimento. Existiram algumas derivações logo após esse movimento, um deles é a poesia visual, talvez é onde meu trabalho hoje como artista se encaixe. Pois não fazemos mais parte desse movimento tão belo que foi para sua época, apenas usamos dos recursos da poesia como referência para novos trabalhos.

"O poeta concreto, por sua vez, deve propor à sociedade uma poesia que simultaneamente dê conta da evolução do tempo presente e seja verdadeiramente funcional, isso é, útil para seus contemporâneos." "Seu objetivo é o de instaurar um novo olhar sobre todas as línguas, uma espécie de olhar crítico permanente que permita captar a quintessência da linguagem. Se criasse uma nova língua, ele não poderia assumir nenhuma responsabilidade perante a sua língua e a sua história. Ora, é precisamente isso que urge fazer. (...)" "A poesia concreta desfuncionaliza a linguagem. Por quê? Para funcionalizar a poesia, para tornar a poesia verdadeiramente funcional. Quem deve se encarregar dessa funcionalização? Quem deve fazer funcionar a poesia? O leitor, evidentemente, com todos os riscos e perigos, mas em inteira liberdade." "O verdadeiro sujeito dessa poesia é o leitor, o homem que vê a si mesmo na obra, o homem que se esforça por descobrir aquilo que o constitui mais intrinsecamente: sua consciência. Abrindo-se para a obra, ele se abre a si mesmo. Conferir sentido à obra implica conferir sentido a si mesmo." Philippe Buschinger

Neste site há alguns exemplos de poesia: http://www.poesiaconcreta.com.br/audio.php é no ponto de exclamação que abre as diversas poesias concretas. O trabalho acima foi tirado desse site. É de Décio Pignatari, de 1956.

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